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Vítimas de bullying usam a literatura e o teatro para discutir problema

A escritora Camila Iuspa fez livro de ficção com elementos autobiográficos

Duas vítimas de bullying resolveram levar a experiência à literatura e ao teatro para discutir o problema. Camila Iuspa, de 26 anos, criou uma ficção com passagens parecidas à própria vida. Seu livro “Brincadeira de Mau Gosto” (Editora Giostri) conta a história de Michel, um jovem de 18 anos que é hostilizado ao chegar a uma nova escola, como ela diz afirma ter sofrido.

O diretor de teatro Mar´ Júnior, de 50 anos, diz ter sido vítima e praticante de bullying na infância e adolescência, e há sete anos apresenta nas escolas uma peça de teatro que aborda o tema. Ele tem um livro autobiográfico em fase final para publicação com o título "Bullying: eu sofri, eu pratiquei,  eu hoje conscientizo".

No livro de Camila Iuspa, o personagem sofre preconceito por ser quieto, tímido e inteligente. Colegas de classe hostilizam o adolescente, evitam se aproximar e tiram vantagem dele. Em um momento da história, Michel é agredido e se defende, como fez o australiano Casey Heynes, que bateu em um colega que o provocava. O vídeo da agressão foi postado na internet e Heynes foi considerado por muitos internautas um "herói".Assim como o personagem que criou, Camila disse ter sido vítima de bullying ao chegar a um novo colégio aos 17 anos, no último ano do ensino médio. “Jogavam papel em mim, faziam piadas comigo, falavam mal, ficavam zoando”, disse. Os ataques levaram Camila a ter vontade de largar a escola.

A situação só melhorou quando a jovem pediu ajuda à psicóloga da escola. “Ela falou que eu tinha que me enturmar com pessoas bem entrosadas, que tinham amizade com todo mundo. Isso ajudou. Tirei a imagem de chata, de pessoa fechada. Isso me abriu as portas no colégio”, contou.

Ao entrar na faculdade, os problemas voltaram. Além de colegas de classe, Camila diz ter sido vítima de bullying de uma professora. “Perdi a auto-estima na faculdade. A hostilização foi grande. Achava que por ser escritora as pessoas iam gostar de mim, que ia ter amigos, mas me enganei, não foi nada disso. Falavam que só queria aparecer”, disse.

Depois de passar por outros cursos, hoje, a jovem faz o terceiro semestre do curso de pedagogia. Disse perceber, ao ir a escolas, que a violência dos casos piorou. “Eles já são mais agressivos. Não respeitam nem os professores. São crianças de 11 a 12 anos. Tem professores que sofrem bullying e alunos que sofrem bullying por parte dos professores”, afirmou.  

De vítima a praticante
No Rio, o diretor de teatro Mar´ Júnior percorre as escolas com sua equipe de atores para encenar uma peça sobre bullying e promover o debate entre os estudantes. "Nas escolas onde existe amor não existe bullying. As escolas onde o professor trabalha com má vontade, ganha mal e não quer mais aturar filhos dos outros, tem bullying."

Mar´ Júnior afirma ter sido vítima de bullying dentro de casa. O pai dele foi chefe do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) durante a ditadura militar. Em casa, ele sofria maus tratos. "Eu era chamado de burro pelo meu pai. Tinha dificuldade grande de aprender a ler. Só depois que ele morreu fui saber que eu era agredido por ele quando pequeno. Ele jogava minha cabeça na parede de casa. Me lembro que sentia muitas dores de cabeça", conta Mar´ Júnior, que adotou este nome artístico para não usar o nome de batismo que é o mesmo do pai - e que prefere não revelar.

Segundo ele, em sua época de estudante era comum ser chamado de "burro" por professores e ficar de castigo no canto da classe com a cara virada para o canto da parede. "Minha mãe me levou no oftalmologista para ver se não era algum problema de vista que me prejudicava nos estudos. O médico falou: ´Seu filho não tem nenhum problema nos olhos. Ele é burro mesmo, não sabe as letras. Isso era algo pesado que carreguei minha vida inteira."

A perseguição criou em Mar´ Júnior um trauma para fazer provas. Ele repetiu as primeiras séries do ginásio, colegial e científico, nomes usados para os ciclos escolares na época. Após a última reprovação, largou os estudos. Só concluiu o ensino médio há três anos, já adulto. "Eu tinha medo até de fazer prova para tirar a carteira de habilitação. Perdi vários trabalhos no teatro porque tinha que ser submetido a testes e arrumava uma desculpa para não ir."

Após anos de infância sendo vítima, Mar´ Júnior se tornou agressor na adolescência. Um dia decidiu perseguir um rapaz que sempre lhe roubava na rua. Foi a virada. "Virei o bicho na Tijuca (bairro da Zona Norte do Rio). Tive até uma gangue. Fui fazer luta para saber mais técnicas de kung fu e caratê. Fiz segurança em baile. Uma vez contei ao meu pai que tinha sido jurado na escola. Ele, que comandava a polícia, mandou fechar a rua do morro e prendeu uns 50 caras. Aí minha moral foi lá para o alto."

Ao casar cedo e ter filhos, Mar´ Júnior diz que deixou de lado a violência. Em 2004, criou o projeto "Bullying- violência escolar", e passou a fazer apresentações nas escolas abordando temas como agressão física, verbal e psicológica. "O foco desta peça teatral é colocar mestres, alunos e elenco, cara a cara, bem próximos uns aos outros, mostrando algumas soluções", diz.

O que fazer para acabar com o bullying?
Para Mar´ Júnior, o bullying começa dentro de casa. "Não é na escola. O bullying está no trabalho, na rua, na igreja, mas é fundamentado em casa. É da relação que se tem em casa que você vai sofrer ou praticar o bullying." Por isso a parceria entre a escola e as famílias devem ser afinadas para tratar sobre o tema.

A escritora Camila Iuspa  considera que os professores têm de ficar sempre alerta para o problema, têm de estar abertos para conversar com os alunos, procurar levantar a auto-estima dos estudantes e valorizar as diferenças. Alunos agressivos, que cometem bullying, devem ser encaminhados a atividades que canalizem a agressividade, segundo Camila, como o esporte, o teatro e a dança.

No caso do ciberbullying, que Camila diz não ter sofrido, as sugestões são para que a vítima junte o máximo de provas possível e leve ao Conselho Tutelar ou até à polícia nos casos mais graves.   Fonte: Portal G1 / Vestibular e Educação  

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