O comércio varejista em Marília confirmou o índice nacional de crescimento de 11% nas vendas em 2010, divulgado terça-feira pelo IBGE. Segundo a Acim (Associação Comercial e Industrial de Marília), o setor que mais faturou foi o de eletrodomésticos e eletrônicos, seguido pelo segmento de confecção e calçados.
Acesso ao consumo pelas classes C, D e E, que até então tinham poder de compra reduzido, economia estável e garantia de emprego são, segundo José Augusto Gomes, superintendente da entidade, responsáveis pelo êxito nas vendas de 2010. Os reflexos positivos deste momento são expansão de negócios varejistas, abertura de novas vagas de trabalho e fortalecimento de Marília como pólo regional em vendas.
Porém, Gomes entende que todo crescimento no consumo pode desencadear um processo inflacionário preocupante. “Esperamos contar com um comportamento consciente do Banco Central e do Copom”, analisa.
O economista e professor universitário Eduardo Rino entende que o índice de 11% de vendas precisa ser compreendido dentro das modalidades de compra: a prazo e à vista. “A maioria destas vendas foi a prazo e isso significa comprometimento da receita familiar”, diz. Portanto, a dica que Rino dá aos consumidores é a espera. “De um modo geral, o que a economia brasileira necessita conter são a despesas de custeio, já que todas as medidas para conter a inflação foram tomadas corretamente”.
Um dos fatores que comprovam o crescimento das vendas do comércio em Marília no ano de 2010 é o índice de repasse do ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). Em 2009, segundo dados da Secretaria de Estado da Fazenda, foram repassados R$ 49,5 milhões para os cofres municipais. Já em 2010, o total da cota chegou a R$ 60,5 milhões.
Consumidores estão otimistas
A dona de casa Joyceane Ferreira Santos Selles, 27, que no ano passado adquiriu um jogo de quarto para as filhas, voltou às compras semana passada. Entretanto, antes de conseguir, seguiu um tradicional hábito: a pesquisa. “Tudo que vou comprar, pesquiso antes”, observa a consumidora que já adota a recomendação de cautela dos economistas.
A também dona de casa Sidnéia Lima Fernandes, 40, comentou que em dezembro aproveitou uma promoção e adquiriu um fogão em 12 parcelas com uma pequena taxa de juros. “Percebi que as lojas aproveitaram daquele momento para estimular as compras”, fala. Para 2011 a dona de casa pretende voltar às compras e levar além de um novo jogo de cozinha, uma nova geladeira. “Estou me programando para isso”, frisa.Lojas adotam estratégias para manter expansão
Medidas adotadas pelas lojas em 2010 e que resultou em crescimento das vendas, como novo layout e novos produtos, serão mantidas em 2011. Entretanto, o setor está atento à inflação, que, num eventual descontrole, poderá resultar numa desaceleração do crescimento.
“A expectativa é continuar 2011 em alta, porém estamos notando que as financeiras estão mais seguras na liberação das compras de longo prazo. Mas, nas compras à vista e em até 10 vezes sem juros, sentimos o mesmo ritmo de 2010”, observa André Luís da Silva, 38 anos, gerente de loja de eletrodomésticos e móveis.
Conforme análise da gerente de loja de confecção Luciana Mara Rapanello,36, os números nacionais do IBGE refletem em Marília. Na empresa onde ela trabalha, principalmente por ampliação da gama de produtos, a expansão nas vendas em 2010 ficou entre 11% e 15%. “No comércio, o aumento nas vendas é reflexo direto no aumento da quantidade de pessoas empregadas”, afirma. Além de manter o layout adotado no ano passado, a loja onde Luciana trabalha continuará com promoções, que visam favorecer o índice alto nas vendas. Fonte: Jornal Diário de Marília